NO MEU JARDIM? NÃO!
Cade?
Cadê meus dez pés de chefléra?
Meu pé de guabirova que eu trouxe do Sul?
Saúvas?... São milhares!...
Todas de bunda vermelha!...
Formigas e formigões...Não...
Não.
Sou incapaz de matar uma formiga.
Sou.
Minha roseira?
Onde estão os brotinhos?
Onde estão as folhas?
Não.
Não sou capaz de matar uma formiga.
Não sou.
Minha ameixeira?....Naaaaãooo....
Não mato nem uma formiga.
Uma formiguinha? Não.
Uma só? Não.
Umas cem?... Duzentas??...
Meu pé de framboesa?
Levou um ano para sair a primeira folha...
Umas trezentas???... Não.
Quinhentas???... MATO
Mato. Mato. Mato.
Mato formigas.
Mato. Mato. Mato.
Vermelhas bundudas.....Mato.
Hoje mato.
Onde está o formigueiro?
No meio do mato??...
Maato. Maato. Maato.
Lá se foi um formigueiro...
Lá... se foi...
Juro que sou uma ecologista.
Como tem que ser toda a boa artista.
Que me perdoem as bundudas
Não pisarão mais no meu jardim...
Que um bom jeito eu dei nelas.
Com certeza não esquecerão de mim...
Também eu...Não delas.
O POEMA "NO MEU JARDIM? NÃO!", RECEBEU O PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO DE POESIAS, PROMOVIDO PELO GRÊMIO
DE LETRAS DE BARRA MANSA - R J
AUTO RETRATO
Compor, desenhar, ilustrar, pintar, modelar, esculpir, ensinar, educar, formar, incentivar, promover - eu vivo aqui.
Gerar, criar, vibrar, sonhar, amar, - eu fico aqui.
"Chegada" - "Convivência" "Submissão" - "um a menos no céu" "Prelúdio em Roxo" - "México Registro 19" "Fresta" - "Rombo". - eu deixo aqui
Escrever "Glória da manhã" - "Domingo, o oitavo dia" "Caminhada" - "Raça" - "Momentos". - eu recomeço aqui
OITAVO DIA
Chegaste nu, vazio, sem cor, Trazias contigo, uma incógnita, um torpor, Teu semblante triste é de procura... Que queres de mim? Uma palavra, um afago, amor? Nesse teu vazio tão cheio de anseios, Perdido no espaço, e todo alheio Ao que foste e deve ser... Onde está tua alegria, teu brilho, teu destino, Que por mais me esforce não consigo ver?
Calado, nada movias... Continuavas a emanar matérias frias. Por favor, não faças isso comigo, Não me deixes em maior agonia... Nesse teu egoismo perdido Não te passa jamais, nem poderás supor Que eu me encontro também Nua, vazia e sem cor?
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RAÇA
Paixão no peito de um guasca Arrebenta as fronteiras dos pagos Corre solta e queima forte Como brasa na fogueira Que esquenta o chimarrão.
É o minuano que chega Rasgando as coxilhas da terra Deitando o mato rasteiro Domando a china arisca Cobrindo de azul cinzento O céu de um ar matreiro.
Paixão no peito de guasca É frio de minuano que sopra É tora que queima e arde É pampa que se abre É pelego que aquece É amor barbaridade.
FOLHINHAS MIUDAS
Em pequenos caracóis, cresces enchendo o teu corpo de recortadas folhas miúdas, pequeninas, em pencas caidas, sinal de vida... Acordar!
Onde houver água fresquinha, Pingos, respingos e orvalhos, Lá estarão os teus brotinhos De um delicado verdinho...
É uma plantinha... Chamego do meu jardim. Se tu gostas de dar presentes, Dê uma avenca pra mim.
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